19 de maio de 2010

JOGOS DA 1ª FASE - I

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FRUTAS

1. MATERIAIS: não há.
2. INSTRUÇÕES:
a. grupo sentado, em circulo;
b. cada participante deverá escolher o nome de uma fruta, que seja correspondente à pessoa à sua direita;
c. depois, apresentará ao grupo, dizendo qual é a fruta e o porquê desta escolha (ex.: cor da pele, expressão facial, roupa, atitudes etc.);
d. compete ao diretor permitir que a pessoa “eleita” concorde ou não com a descrição feita e o porquê;

Nota: É um jogo de apresentação pertinente a grupos desconhecidos, onde a única referência é o externo.

Variação: Pode-se substituir a consigna: fruta por qualquer outra (ex.: instrumento musical, carro, flor, artista, animal etc.).
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UM BICHO

1. MATERIAIS: não há.
2. INSTRUÇÕES:
a. cada participante pensa em suas características pessoais e escolhe um bicho que o identifique;
b. cada um deverá representar, no contexto dramático, as características que lhe é apresentada;
c. cada elemento do grupo deverá descobrir e dizer qual a características que lhe é apresentada;
d. se acertar, o “bicho” deve acentuá-la e, em seguida, mostrará outra característica, passando a adivinhação a outra pessoa seguinte.

Se errar, mantém a mesma característica e passa a palavra ao próximo, e assim por diante;

e. depois, o grupo procura descobrir qual é o bicho escolhido;
f. no final, cada participante explica o porquê da escolha;
g. compartilhar.
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UM CARRO, UMA FLOR,UM INSTRUMENTO MUSICAL

1. MATERIAIS: papel e caneta para cada participante.
2. INSTRUÇÕES:
a. cada participante escreve no papel o nome de um carro, uma flor e um instrumento musical com que se identifica;

Nota: Ao escrever, ninguém deve ver o que consta no papel do outro.

b. juntar todos os papeis, misturar e redistribuir;
c. cada pessoa do grupo tenta identificar quem é quem;
d. se acertar, o autor da escolha explica o porquê;
e. se errar, explica-se no final;
f. compartilhar.

VARIAÇÃO: Pode-se alterar a consigna (ex.: uma fruta, um esporte e uma música).
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QUALIDADES E MANIAS

1. MATERIAIS: papeis e canetas.
2. INSTRUÇÕES:
a. cada pessoa escreverá duas qualidades e duas manias suas num pedaço de papel, sem que os demais vejam;
b. o Diretor recolhe os papeis, mistura e redistribui, de modo que ninguém fique com o seu;
c. cada participante deverá, através de mímica, representar tais características para que o grupo as descubra. Em seguida, tenta-se acertar o autor das mesmas, que explicará o porquê de tais escolhas;
d. compartilhar.
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OBJETO ESPECIAL

1. MATERIAIS: um objeto pessoal de cada participante.
2. INTRODUÇÕES:
a. pede-se a pessoa que coloque um objeto seu à sua frente (ex.: anel, cinto, agenda etc), que considere especial;
b. questiona-se o porquê de tal objeto e o que representa para si;
c. após, solicita-se “empreste” a sua voz ao objeto na 1ª pessoa sobre o que se sente, pensa e perceba dele;
d. compartilhar.

Nota: Este jogo dramático é de aplicação individual. Quando aplicado em grupo, solicita-se que cada participante expresse a impressão sobre o objeto escolhido pela pessoa. Pode-se solicitar, ainda, que os participantes falem o que acham (enquanto objeto), sendo que a pessoa, em si, confirma ou não as informações.
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JOGO DO CONTORNO

1. MATERIAIS: barbante, giz ou papel para marcação do contorno, canetas, revistas, tesoura, cola etc.
2. INSTRUÇÕES:
a. solicitar aos participantes que se deitem no chão (ou sobre o papel), para a demarcação do seu contorno, com barbante, giz ou caneta;
b. cada pessoa deve preencher o seu contorno, com recortes, palavras, objetos, da forma que considerar melhor e que possa defini-la como pessoa;
c. no final, comentar sobre o significado de cada coisa colocada;
d. compartilhar.
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EXPOSIÇÃO DE ARTES

1. MATERIAIS: chapéus, bijuterias, chaves, acessórios em geral.
2. INSTRUÇÕES:
a. dispor os objetos sobre uma parte da sala, como uma exposição;
b. o grupo fica em circulo;
c. o Diretor convida todos a visitar uma “exposição de arte” e cada um deve escolher um objeto com o qual se identifique, que tem a ver consigo mesmo;
d. feitas as escolhas, retornam aos seus lugares (com o objeto) e comentam o significado da escolha;
e. compartilhar.
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APRESENTAÇÃO EM DUPLAS

1. MATERIAIS: não há.
2. INSTRUÇÕES:
a. solicita-se ao grupo para formar duplas, aleatoriamente;

Nota: verifica-se se o número de participantes é par. Em caso de número ímpar, o Diretor (ou Ego – Auxiliar) pode participar.

b. cada dupla conversa durante dez minutos, aproximadamente, falando de si mesmo, apresentando-se;
c. após o tempo estipulado, o grupo reuni-se novamente;
d. o participante A apresenta o participante B e vice-versa;
e. repete-se o processo com todos os integrantes;
f. compartilhar.
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JOGO DO NOVELO

1. MATERIAIS: um novelo de lã ou barbante.
2. INSTRUÇÕES:

Nota: As pessoas ficam em pé, distribuídas aleatoriamente na sala, mantendo uma certa distância entre si.

a. inicia-se jogando o novelo para um participante, que se apresenta para o grupo, após dar uma volta de lã/barbante em seu dedo indicador, isto é, este joga o novelo para outra pessoa, mantendo o fio esticado;
b. quando a Segunda pessoa se apresenta, enrola uma volta do novelo em seu dedo e joga-o para uma terceira pessoa, que repete o mesmo processo;
c. o jogo prossegue até o último participante;
d. depois, no movimento inverso, ou seja, do ultimo participante ao primeiro, cada participante tenta apresentar o anterior a ele, seguindo até o final. Aquele que foi o primeiro tentará apresentar o ultimo, “fechando”, desta forma, o grupo.

Obs.: Geralmente as pessoas não prestam a devida atenção, por isso solicita-se que cada um fale do que se “lembre”.
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JOGO DOS BICHOS

1. MATERIAIS: etiquetas auto-adesivas, caneta hidrográfica.
2. INSTRUÇÕES:
a. grupo em circulo, sentados. Distribui-se etiquetas com o nome de cada um, para ser fixado;
b. solicita-se a cada participante que pense no nome de um bicho. Em seguida, cada um fala o seu, em voz alta, podendo repetir três vezes, no máximo. O grupo deverá memorizá-lo;
c. o Diretor chama duas pessoas pelo nome e estas deverão falar o nome do bicho da outra. Quem chamar por último, sai do jogo. Em caso de dúvida, não se exclui ninguém;
d. após um determinado tempo, cada pessoa escolhe o som/ruído que o bicho produz. Repete-se o mesmo processo, desta vez emitindo o som da outra;
e. compartilhar.

VARIAÇÃO: apesar de estar classificado na 1ª fase, em função de seu aspecto lúdico, esse jogo pode ser adaptado e aplicado as três fases da matriz de identidade. Pode-se, por ex., trocar o nome por números; solicitar que cada um represente o bicho do outro sem ser concomitante: inverte os papeis, ou seja cada dupla representa o próprio bicho e, em seguida, o da outro, estabelecendo uma relação complementar etc.


Bibliografia:

YOZO, R. I. K., 100 jogos para grupos: Uma abordagem psicodramática para empresas, escolas e clinicas. 18ª Edição. Ed. Ágora, São Paulo, 1996.

18 de maio de 2010

FUNDAMENTOS TÉCNICOS PARA ATUAÇÃO EM GRUPO

Planejamento

Questões a serem respondidas:
1- Quem vai ser o coordenador? (qual seu esquema referencial, quais as técnicas a serem utilizadas, quais as formas de abordagem sobre essa técnica, etc.).

2- Para o que e para qual finalidade o grupo esta sendo composto? (Familiar, ensino aprendizagem, psicoterápico, etc.).

3- Para quem ele se destina? (caracterização da população: crianças, gestantes, empresários, etc.).

4- Como ele funcionará? (homogêneo ou heterogêneo, aberto ou fechado, com ou sem co-terapia, número de participantes, de reuniões semanais, tempo de duração total e das sessões, será acompanhado por um supervisor ou não, etc.).

5- Onde (local) e em quais circunstâncias, e com quais recursos? (consultório privado, instituição, tem apoio da cúpula administrativa, sempre no mesmo local, etc.).
Seleção e Grupamento.

Não há unanimidade: Alguns preferem aceitar todos que manifestem a vontade de trabalhar em determinado grupo, resolvendo os contratempos assim que eles ocorram. Outros assumem certas regras ancoradas nas seguintes argumentações:

a) Motivação frágil acarreta uma participação pobre ou abandono prematuro.

b) Abandono prematuro acarreta mal estar para o individuo, coordenador e para o grupo.

c) O grupo pode se sentir desrespeitado e violentado pelo desertor que participou da intimidade do grupo e pela negligência do coordenador.

d) Desconforto contratransferencial.

e) Situações constrangedoras quando, por exemplo, muito cedo fica patente entre os componentes do grupo, um acentuado desnível de cultura, inteligência, patologia psíquica.

Enquadre.

Soma de todos os procedimentos que organizam, normatizam e possibilitam o funcionamento grupal.

São as regras do jogo, mas não o jogo propriamente dito. Pode haver uma junção de regras, atitudes, e combinações por parte do coordenador e do grupo.

a) Homogêneo ou heterogêneo: mesma categoria de características ou comporta variações? Ex. só alcoólicos? Só gerentes?

b) Fechado ou aberto: depois de composto o grupo poderá entrar mais alguém?

c) Duração: Tempo limitado ou ilimitado. (no caso de instituições, geralmente é limitado, como no caso da clinica da faculdade, outros como psicodrama publico do Centro Cultural é ilimitado).

d) Número de participantes: Pequenos grupos de três componentes, terapia de casal, ou numerosos participantes.

e) Número de reuniões e sua freqüência, tempo de duração.

Manejo de resistências.

O primeiro passo é ter uma idéia clara da função que elas estão representando no momento grupal.

Discriminar entre as resistências inconscientes (supostos básicos) que de fato são obstrutivas ao trabalho grupal, das resistências que revelam como o self de cada um aprendeu a se defender na vida contra o risco de serem humilhadas, abandonadas, etc.

Nos grupos operativos são sinalizadores da presença de resistências: Excessivos atrasos e faltas, aliados a um decréscimo da leitura dos textos combinados. Discussões “mornas” caracterizando um clima de apatia.

A falta de adequação na condução do grupo e “conluios resistênciais inconscientes” entre o coordenador e demais integrantes, contra o desenvolvimento de certos aspectos da tarefa na qual estão trabalhando.

Manejo dos aspectos transferênciais.

Um manejo técnico adequado consiste em reconhecer e discriminá-las.

Possui quatro níveis em relação ao campo grupal:

- de cada individuo com seus pares.

- de cada um para a figura do coordenador.

- de cada um para o grupo.

- todo o grupo em relação ao coordenador.

Na contratransferência o importante é que o coordenador saiba que é de surgimento inevitável, e que o manejo adequado é não permitir que os sentimentos invadam sua mente, de modo a se tornarem patogênicos; pelo contrario, que eles possam constituir como um instrumento para a empatia.

Manejo dos actings.

Acting = atuação.

Agir fora do tratamento, como forma de descarregar uma exigência pulsional no lugar do seu investimento na transferência (análise).

Actings benignos: Conversas pré e pós reuniões, encontros sociais entre participantes, alguma ação transgressora que no fundo pode estar significando uma saudável tentativa de quebrar tabus e estereotipias obsessivas.

Actings malignos: de natureza psicopática. Outra forma comum de atuação é a divulgação de situações sigilosas e privativas para fora do grupo.

Comunicação.

O grupo é um excelente campo de observação de como são transmitidas e recebidas as mensagens verbais, com as possíveis distorções e reações por parte de todos. Merecem destaque também, as múltiplas formas de comunicação consideradas não-verbais (gestos, tipos de roupa, somatizações, silencio, choro, etc.).

Atitude interpretativa.

Uso de perguntas que instiguem reflexões, clareamentos, assinalamentos de paradoxos e contradições, confronto entre a realidade e o imaginário, abertura de novos vértices de percepção. Engloba também, toda participação verbal do coordenador em prol da integração de aspectos dissociados dos indivíduos, da tarefa e do grupo. A “interpretação” se restringe às situações psicanalíticas.

Não existe uma formula mágica do que dizer e como dizer, cada coordenador deve respeitar seu estilo e forma peculiar de ser.

Funções do ego.

Como os indivíduos utilizam a capacidade de percepção, pensamento, conhecimento, juízo critico, etc. A essência da terapia de casal ou de família, consiste em “ensinar” os participantes a usarem as funções de escutar o outro (diferente de ouvir) de cada um ver o outro (diferente de olhar) de poder pensar o que esta escutando e nas experiências emocionais pelas quais eles estão passando, e assim por diante).

Papéis.

A importância consiste no fato de que o individuo também esta executando esses mesmos papéis nas diversas áreas de sua vida.

O coordenador deve atentar-se a possibilidade de estar ocorrendo uma fixidez e uma esteriotipia dos papeis patológicos exercidos sempre pelas mesmas pessoas, como se estivessem programados para assim agirem ao longo de toda a vida.

Vínculos.

Percepção das ligações vinculares.
Vínculo por amor, por ódio, por conhecimento (Bion) e por reconhecimento (Zimerman).

O modo de vincular-se com o outro esta intimamente ligado com a forma que esse sentimento vincular esta configurado dentro do individuo.

Término.

Grupo termina por uma dissolução dele ou para cumprir uma combinação prévia. Cada coordenador deve ter bem claro os critérios para a finalização.

Bibliografia:


BARBERÁ, E. KNAPPE.P.P. A Escultura Na Psicoterapia: Psicodrama e outras técnicas de ação. São Paulo: Agora, 1999.

BERMUDEZ, J. G. R. Introdução ao psicodrama. Tradução Dr. José Manoel D Alessandro. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

GONÇALVES, C. S. & outros. Lições de Psicodrama. Introdução ao Pensamento de J.L.Moreno. São Paulo: Ágora, 1988.

MARINEAU, R. F. Jacob Levy Moreno 1889-1974 - Pai do psicodrama, da sociometria e da psicoterapia de Grupo. São Paulo: Ágora, 1992.

MORENO, J.L. Psicoterapia de grupo e psicodrama. Tradução José Carlos Vítor Gomes. Campinas. SP: Livro Pleno, 1999.

KNAPPE, P. P. Mais do que um jogo: Teoria e prática do jogo em psicoterapia. São Paulo: Ágora, 1998.

SEIXAS, M. R. A. Sociodrama Familiar Sistêmico. São Paulo:ALEPH, 1992.

PRESSUPOSTOS BÁSICOS DE WILFRED BION


Wilfred Bion foi um psiquiatra e psicanalista inglês que desenvolveu pesquisas sobre a formação e fenômenos de grupo, entre outros assuntos. Iniciou seus trabalhos no exército inglês e deu prosseguimento aos mesmos em grupos do Instituto Tavistock, constituídos de pessoas com formações diversas. Muitos dos conceitos desenvolvidos em sua pesquisa se tornaram relevantes para a compreensão de grupos de trabalho e dos fenômenos emocionais subjacentes a eles, influenciando gerações futuras de pesquisadores em diferentes áreas do conhecimento, como já havia sido mostrado por Maria Tereza Leme Fleury e pesquisadores associados. Este ensaio faz uma reflexão crítica das contribuições de Bion e uma avaliação do impacto do seu trabalho sobre alguns autores da Psicologia do Trabalho, Sociotécnica e Administração.

Seus três pressupostos são:

Dependência: O grupo fica na dependência de um líder, o mesmo será o responsável para garantir a estabilidade do grupo. Este líder é investido com qualidades de onipotência e onisciência. Ele ou ela é idealizado e é transformado em um tipo de deus. O sentimento é que só o líder sabe qualquer coisa e só o líder pode resolver os problemas da realidade do grupo. Tal líder é uma pessoa mágica que não precisa de informação e é divina por isto.

"O grupo é bastante incapaz de enfrentar as emoções dentro dele, sem acreditar que possui alguma espécie de Deus que é inteiramente responsável por tudo o que acontece".

Pode gerar regressão e anulação dos indivíduos, já que o líder é aquele que garante o saber, a segurança, a direção do grupo, satisfaz os desejos e soluciona as preocupações.

Os membros do grupo freqüentemente consideram suas experiências insatisfatórias e insuficientes para lidar com a realidade, desconfiam da sua capacidade em aprender pela experiência. Seus sentimentos mais freqüentes são os de inadaptação (à vida, às suas experiências etc., e não apenas ao grupo) e de frustração.

Grupos religiosos são os exemplos clássicos deste tipo de pressuposto.

Luta e Fuga: O segundo pressuposto básico é o de luta-fuga e pode ser exposto da seguinte forma: "estamos reunidos para lutar com alguma coisa ou dela fugir".

Neste pressuposto o grupo possui uma suposição inconsciente quanto à existência de um perigo que pode ser real ou imaginário, os sujeitos devem estar prontos para lutar e fugir de alguém ou de algo. A solução é evitar a dor e rejeitam-se idéias que possam gerar desconforto ou confrontação. Neste, o líder é invencível.

A característica ideal é que o líder seja paranóico, sem qualquer sugestão de qualidades deprimentes, e possa nomear fontes de perseguição, até mesmo se elas não existirem em realidade. É esperado que o líder identifique perigo e os inimigos e sinta ódio por eles. O grupo dá para o líder a habilidade para transformar isto em briga ou fuga e vice-versa. O líder tem o poder porque ele ou ela podem atuar no pânico que é sentido pelos membros do grupo. Ocorre geralmente em grupos militares.

Acasalamento: A experiência de ser em uma suposição básica de acasalamento é estar em um grupo que se entusiasmou pela idéia de apoiar dois membros que produzirão uma nova figura de líder que assumirá plena responsabilidade pela segurança do grupo. O desejo, em fantasia inconsciente, é que o par produzirá um Messias, um Salvador, ou na forma de uma pessoa ou na de uma idéia a que eles possam aderir.

Porém, o ponto crucial não é um evento futuro, mas o sentimento de esperança no presente imediato. Fica determinado o apego a essa esperança futura que ainda ocorrerá, na forma de pessoa ou idéia que irá solucionar todas as questões do grupo. Nada se cria na realidade, pois a realidade se baseia na esperança.

O grupo de acasalamento foi inicialmente observado em pares que conversavam assuntos diversos, à parte, sem que o grupo se incomodasse com eles ou chamasse a sua atenção, aceitando-os.

É verificado principalmente em sociedades políticas.

Bibliografia:


BARBERÁ, E. KNAPPE.P.P. A Escultura Na Psicoterapia: Psicodrama e outras técnicas de ação. São Paulo: Agora, 1999.

BERMUDEZ, J. G. R. Introdução ao psicodrama. Tradução Dr. José Manoel D Alessandro. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

GONÇALVES, C. S. & outros. Lições de Psicodrama. Introdução ao Pensamento de J.L.Moreno. São Paulo: Ágora, 1988.

MARINEAU, R. F. Jacob Levy Moreno 1889-1974 - Pai do psicodrama, da sociometria e da psicoterapia de Grupo. São Paulo: Ágora, 1992.

MORENO, J.L. Psicoterapia de grupo e psicodrama. Tradução José Carlos Vítor Gomes. Campinas. SP: Livro Pleno, 1999.

KNAPPE, P. P. Mais do que um jogo: Teoria e prática do jogo em psicoterapia. São Paulo: Ágora, 1998.

SEIXAS, M. R. A. Sociodrama Familiar Sistêmico. São Paulo:ALEPH, 1992.

TEORIA DE CLUSTERS



Cluster 1:


Faz gestão de pessoas: Vinculo saudável com os subordinados, delega com facilidade, pessoa agradável, gentil, acolhedor, respeitoso, justo, sensível aos problemas dos subordinados.

Autoritário e déspota com subordinados, centralizador de decisões, pode perseguir os colaboradores mais talentosos, nunca se acha pronto, com conhecimento e competência suficiente e nunca esta satisfeito com o trabalho dos subordinados.

Cluster 2.

Faz gestão de processos (tudo é processo para ele): Vinculo saudável com os superiores, negociam normas, leis, procedimentos. Aceita sem realçar os erros (dele, superiores e subordinados).

Cuida dos processos e esquece do lado humano, briga com a autoridade, não aceitando ou se tornando submisso, responsabiliza o chefe por tudo de errado, segura informações, procura ser amigo de seus superiores para ganhar força e é paternalista, não deixando a equipe crescer.

Cluster 3

Faz gestão de políticas e de estratégias: Vinculo saudável com os pares. Democrata e colaborador com os pares, reúne-se para discutir estratégias e coopera com a equipe.

É irônico com os pares em reuniões, desqualificando a idéia dos outros, não lida bem quando sua idéia não é bem aceita e se vitimiza pela atenção dos colegas, o que se acertou entre os pares não é aceito no cotidiano, quer dar ordens nos pares, criando rivalidade. Sai da reunião sem falar o que pensa, mas nos corredores ataca os colegas para outras pessoas.

Bibliografia:


BARBERÁ, E. KNAPPE.P.P. A Escultura Na Psicoterapia: Psicodrama e outras técnicas de ação. São Paulo: Agora, 1999.

BERMUDEZ, J. G. R. Introdução ao psicodrama. Tradução Dr. José Manoel D Alessandro. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

GONÇALVES, C. S. & outros. Lições de Psicodrama. Introdução ao Pensamento de J.L.Moreno. São Paulo: Ágora, 1988.

MARINEAU, R. F. Jacob Levy Moreno 1889-1974 - Pai do psicodrama, da sociometria e da psicoterapia de Grupo. São Paulo: Ágora, 1992.

MORENO, J.L. Psicoterapia de grupo e psicodrama. Tradução José Carlos Vítor Gomes. Campinas. SP: Livro Pleno, 1999.

KNAPPE, P. P. Mais do que um jogo: Teoria e prática do jogo em psicoterapia. São Paulo: Ágora, 1998.

SEIXAS, M. R. A. Sociodrama Familiar Sistêmico. São Paulo:ALEPH, 1992.

PSICODRAMA: RAÍZES HISTÓRICAS


Davison Willians Salemme

Criação do médico psiquiatra romeno Jacob Levy Moreno (1889-1974), o psicodrama pode ser definido como o “método que penetra a verdade da alma através da ação” (MORENO, 1999, pg. 98).

Por essa definição, podemos perceber a enorme influência da religiosidade em toda a obra moreniana, advinda essencialmente do judaísmo e do hassidismo (filosofia religiosa cuja noção diz que Deus faz parte do cotidiano, mantendo uma relação simétrica com o ser humano).

Moreno viveu em uma época de grande turbulência social, em que os europeus estavam decepcionados com a guerra e questionavam seus valores. A cultura estava impregnada pela fenomenologia do pensamento existencialista, que também influenciou o pensamento moreniano (SEIXAS, 1992, pg. 28).

A base do tripé de criação do psicodrama é completada pela influência do teatro grego, no qual Moreno retirou a forma de atuar.

Moreno foi contemporâneo de Freud, fato que impactou deveras sua obra, a ponto do psicodrama ser desenvolvido especificamente por oposição à obra freudiana. Criticava especialmente o determinismo psíquico pregado pela psicanálise e o fato de Freud rejeitar a religião, pois acreditava que o aspecto religioso tem grande relevância na terapia, e desprezá-la é não compreender o homem em sua totalidade.

Encontraram-se uma vez, e esse episódio ilustra bem a postura desafiadora de Moreno diante do pai da psicanálise:

O dr. Freud tinha acabado de fazer a análise de um sonho telepático. Enquanto os estudantes se alinhavam, ele me perguntou qual era minha atividade. Respondi-lhe: “Bem, Dr. Freud, comecei no ponto em que o senhor desistiu. O senhor atende às pessoas no ambiente artificial do seu consultório. Eu as encontro nas ruas, em suas casas, no seu ambiente natural. O senhor analisa seus sonhos e eu tento estimulá-las a sonhar de novo” (MARINEAU, 1992, pg. 44).

Numerosos são os fatos históricos na bibliografia de Moreno que ele admite serem os “tijolos” na elaboração do psicodrama, mas inegavelmente a descoberta do psicodrama como método terapêutico ocorreu durante o chamado caso Bárbara/Jorge.

Bárbara era uma jovem atriz que se destacava em papéis ingênuos e românticos. Enamorou-se por Jorge, expectador entusiasta pelo seu desempenho no palco e que rotineiramente a assistia na primeira fila. Casaram-se.

Após curto espaço de tempo, Jorge procurou Moreno e relatou que a esposa não tinha nenhum traço daquele ser angelical e feminino que conheceu no teatro e que em casa, no convívio diário, ela tornara-se uma terrível megera.

Em uma dramatização posterior a esse relato, Moreno interrompe Bárbara e propõe que ela represente o papel de uma prostituta que acabara de ser assassinada (nesta época Moreno dramatizava notícias dos jornais, com o intuito de mostrar ao público que sua peças eram espontâneas e não havia ensaio anterior). Para surpresa geral, ela desempenha com primor o papel da prostituta, dando aos presentes uma sensação de grande realidade. Seu comportamento alterou-se em casa.

O passo seguinte à descoberta do teatro terapêutico é a subida ao palco de Jorge, passando de expectador a ator, contracenando cenas do cotidiano geral e privado do casal. Alguns autores também consideram essa passagem como a primeira terapia de casal.

METODOLOGIA DO PSICODRAMA.

É fundamental para a realização de uma sessão de psicodrama a observação dos seguintes itens:

Etapas: (São três etapas básicas).

1. O aquecimento para ação, que pode ser inespecífico ou específico.

2. A dramatização, onde ocorre a ação propriamente dita.

3. O compartilhar, momento em que todos podem se expressar sobre o trabalho.

Instrumentos: (Em número de cinco).

1. Palco dramático (lócus da dramatização).

2. Diretor (coordenador da ação).

3. Protagonista (eleito pelos participantes como aquele que traz em sua estória pessoal elementos que mobilizem a todos do grupo).

4. Ego-auxiliar (terapeuta treinado ou alguém eleito pelo protagonista que auxilia o mesmo a desenvolver os papéis do seu mundo).

5. Platéia (que assiste e participa das etapas).

Técnicas:
Existem centenas, mas as básicas são aquelas oriundas da Matriz de Identidade (hipótese moreniana para o desenvolvimento do ser humano):

1. Duplo: Dizem Gonçalves, Wolff e Almeida (1988) que nesta técnica, advinda da primeira fase da Matriz de Identidade, o ego-auxiliar, ou em alguns casos, o próprio diretor, adota a postura corporal do protagonista entrando com ele em sintonia emocional, no intuito de expressar aquilo que o protagonista evita ou não consegue perceber.

2. Espelho: é uma técnica de manejo delicado, pois o protagonista pode sentir-se em zombaria uma vez que o ego-auxiliar irá imitá-lo (espelhar fidedignamente) em todos os seus movimentos e expressões. Em outra forma, retira-se o protagonista da cena e este passa a assisti-la de fora, com um ego-auxiliar desempenhando seu próprio papel. Essa técnica está embasada na segunda fase da Matriz de Identidade (BERMUDEZ, 1970, pg. 41).

3. Inversão de papéis: Embasada na terceira fase da Matriz de Identidade, a técnica consiste em trocar o papel que o protagonista esta desenvolvendo com o de seu interlocutor ou interlocutores. Se bem aplicado produz benefícios terapêuticos consideráveis (BERMUDEZ, 1970, pg. 40).

Um grande diferencial do psicodrama em relação à maioria dos outros modelos terapêuticos é a possibilidade que ele tem de exercer sua ação terapêutica via os dois hemisférios cerebrais (o direito e o esquerdo) e utiliza para isso, em particular, da vivência das cenas concretas na dramatização e da construção de imagens estáticas ou esculturas (LEUTZ apud KNAPPE, 1998, Pg. 36).

Considerando-se a afirmação acima, somada ao tema principal do trabalho, a técnica da escultura possui relevante interesse.

A TÉCNICA DA ESCULTURA EM AÇÃO.

A escultura (construção de imagens) é uma técnica que permite explorar detalhadamente os conteúdos do grupo pela concretização da imagem estática de uma forma elaborada pelo próprio grupo em estudo, utilizando para isso, como matéria-prima, o corpo dos envolvidos. Por meio dela moldam-se os gestuais, as posições relativas, as distâncias e os contatos corporais, o que explicita o esquema vincular das relações do grupo.

Acredito ser de relevância histórica pontuar que a técnica da escultura (ou construção de imagens) foi originalmente chamada de Concretização em imagens, sendo esse, seu verdadeiro nome de batismo. Trata-se de um caso curioso, em que uma antiga técnica psicodramática, inventada numa época anterior à elaboração da teoria sistêmica, foi apropriada por esta e rebatizada pelo nome de Escultura, nomenclatura de autoria sistêmica, mas que atualmente é aceita e utilizada por boa parte dos psicodramatistas.

Para a aplicação da técnica pela primeira vez, devemos explicá-la pedagogicamente ao sujeito que irá executar a escultura, utilizando para isso uma linguagem acessível e no nível cultural dele, para não alimentar resistências ao trabalho.

A consigna utilizada é: “usar o corpo (dos implicados) para construir um conjunto que, assim como uma escultura, mostre o modo de relação (ou a rede de relações) que existe entre as pessoas cujo corpo vai manejar” (BARBERÁ, KNAPPE, 1999, pg. 181).

Uma escultura ideal é aquela em que a observação de sua expressão propicie o entendimento, mesmo que rudimentar, do que esta se passando com as pessoas envolvidas naquele esquema vincular, por qualquer desconhecido que a observe.

Enfatizamos ao protagonista que a escultura é uma forma de expressar o modo como ele vivência determinada situação, e não o que ele pensa sobre ela. Para que ele alcance seu objetivo, explicamos que sua matéria-prima, sua massa de modelar, são os corpos de todos os envolvidos no trabalho, e que ele pode moldar posturas e expressões que julgar significativas.

Incentivamos sua espontaneidade e criatividade encorajando-o explorar as várias possibilidades de representação que a escultura oferece até que o protagonista se de pôr satisfeito com sua produção.

A fase posterior consiste em interpelar primeiramente o protagonista e depois todos os imbricados na escultura sobre quais as sensações, sentimentos e emoções foram despertados durante a construção e participação no processo.

Podemos continuar a pesquisa diagnóstica questionando sobre detalhes que nos pareçam significativos, tais como: Para onde você está olhando? Você esta confortável nesta posição? O que essa mão apoiada no ombro dele significa? E assim por diante.

Relevante nas características da técnica da escultura é a possibilidade de se trabalhar concomitantemente com diversas outras técnicas psicodramáticas destacando-se o duplo, espelho, inversão de papéis e o solilóquio (técnica em que se pede ao protagonista que expresse em voz alta o que realmente está sentindo ou percebendo em uma situação específica).

Valendo-se de uma escultura básica e da utilização das técnicas destacadas acima, podemos incrementar o trabalho de numerosas maneiras: formar novas esculturas originárias da principal; dialogar com um dos integrantes da escultura para checar suas emoções e sentimentos mediante sua posição neste sistema; inverter posições entre os integrantes e interrogar como se sentem; tirar um dos integrantes colocando o ego-auxiliar no lugar para interrogar quem ficou olhando de fora ou aquele que entrou no lugar; etc.

A aplicação desta técnica possibilita um importante processo de percepção para os envolvidos: uma compreensão instantânea das correspondências e visão de conjunto dos numerosos elementos, mesmo que contraditórios, que formam uma gestalt que os envolve

É de particular importância na terapia familiar como diz Seixas (1992, p. 114).

A escultura é uma técnica psicodramática de concretização dos vínculos familiares. A escultura familiar é a representação de uma parte do átomo social do indivíduo, o seu átomo familiar; concretiza as relações familiares significativas, para as pessoas do grupo familiar no momento, evidenciando a sociometria familiar. Proporcionando oportunidade de reconstrução desta escultura ao nível dramático, explicita desejos, necessidades e caminhos para uma nova forma de relacionamento conjunto.

De forma abreviada, podemos dizer que o átomo social é o conjunto dos vínculos significativos do ser humano, ao passo que, o seu átomo familiar é o conjunto dos vínculos significativos restringidos aos membros constituintes de sua família nuclear, objeto de trabalho da terapia familiar. A técnica da escultura é de especial valia para a fase diagnóstica da estrutura sistêmica do átomo familiar.

Através do trabalho com esculturas (concomitantes a utilização das outras técnicas que a sustentam e acrescentam possibilidades) a percepção dos membros da família vai se ampliando e a possibilidade apresentada de vivenciar novas situações, traz em seu bojo alternativas relacionais mais saudáveis para o sistema, servindo como importante ferramenta para a terapia familiar.

Bibliografia:

BARBERÁ, E. KNAPPE.P.P. A Escultura Na Psicoterapia: Psicodrama e outras técnicas de ação. São Paulo: Agora, 1999.

BERMUDEZ, J. G. R. Introdução ao psicodrama. Tradução Dr. José Manoel D Alessandro. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

GONÇALVES, C. S. & outros. Lições de Psicodrama. Introdução ao Pensamento de J.L.Moreno. São Paulo: Ágora, 1988.

MARINEAU, R. F. Jacob Levy Moreno 1889-1974 - Pai do psicodrama, da sociometria e da psicoterapia de Grupo. São Paulo: Ágora, 1992.

MORENO, J.L. Psicoterapia de grupo e psicodrama. Tradução José Carlos Vítor Gomes. Campinas. SP: Livro Pleno, 1999.

KNAPPE, P. P. Mais do que um jogo: Teoria e prática do jogo em psicoterapia. São Paulo: Ágora, 1998.

SEIXAS, M. R. A. Sociodrama Familiar Sistêmico. São Paulo:ALEPH, 1992.

17 de maio de 2010

EXEMPLOS DE UTILIZAÇÃO DA METODOLOGIA

O uso do Objeto Intermediário para verificação da imagem que os participantes têm da empresa:

Para investigar a imagem atribuída pelos trabalhadores à empresa estudada, após a atividade de apresentação em dupla, solicitou–se que cada dupla criasse um slogan de apresentação da empresa com gravuras fornecidas pelos pesquisadores. Após um tempo de aproximadamente 5 (cinco) minutos, cada dupla criou seu slogan apresentando–o para o grupo. Abaixo, os slogans são apresentados:

"A... é uma águia porque visualiza seu produto no mundo inteiro".

"A... é uma onça, é uma fera no mercado".

"A... representa um leão pela sua grandiosidade".

"A... é uma grande empresa, mas nunca deixa de ter seus cachorros no meio".

"A... é um avestruz, é sempre ágil e veloz na conquista de mercado".

"A... é um elefante porque é uma empresa de peso no mercado".

"A... é um tigre quando faz uma cobrança de produção, além do mais, a gente é capaz de fazer quando eles pedem, mas aí o tigre desce o rabo".

"A... é um camelo que supera as dificuldades em qualquer condição".

"A... é uma águia, sobrevoa seus ideais e suas metas".

"A... é uma onça quando deixa a desejar na qualidade".

"A... é como um tigre, tem a agilidade de um tigre, a garra de um tigre".

"A... é um camelo quando se trata de produção".

"A... em termos de tecnologia é um elefante, é grande".

"A... na questão da produção é um avestruz, ela é rápida. Nós somos rápidos".

"A... é um leão na qualidade de seu produto".

Analisando as frases criadas pelos participantes, percebemos que os mesmos manifestam uma imagem positiva da empresa, vêem a mesma como competitiva, percebem o que produzem como de grande importância para o mercado. Tais manifestações remetem às colocações de Pagès e colaboradores (1993, p. 85) que ao descreverem sobre o poder das organizações atentam para o fato de que a crença dos trabalhadores na imagem da empresa coloca–os como responsáveis por essa perfeição, pois segundo os autores "para ser reconhecido, para chegar ao status de sujeito, é necessário reconhecer a organização como princípio único (é necessário crer) e se reconhecer nela, único campo semântico oferecido à consciência".

Parece ser exatamente isso que os participantes quiseram traduzir em seus slogans, os atributos de poderosa, generosa, infalível, sentimentos experimentados a seu favor e de admiração por seu poder. Ao remeter à empresa esses atributos os trabalhadores demonstram sentir a "necessidade de preservar a qualquer preço a imagem gratificante que formaram da empresa para poder conservar a fé que investiram nela" (Pagès et al., 1993, p. 86).

A ideologia oficial dos grandes princípios é a que parece prevalecer por meio da qual se prolongam as crenças, assim "os indivíduos contribuem para o reforço da ideologia dominante, preenchendo as lacunas entre os princípios afirmados e a realidade vivida, e como se tornam, assim, fiéis defensores do poder que os aliena" (Pagès et al., 1993, p. 86).

O uso do Objeto Intermediário para avaliação das condições gerais e organização do ambiente de trabalho.

Em outra atividade, utilizou–se como Objeto Intermediário uma marionete construída com uma vassoura e chamada de Margarida. A vassoura é um objeto simbólico em várias culturas, sendo considerada símbolo do cultivo na áfrica do Norte e tendo papel de protetora entre os povos da Argélia.

Segundo Chevalier & Gheerbrant (2001, p.932):

"Nos templos e santuários antigos, a varredura é um serviço de culto. Trata–se de eliminar do chão todos os elementos que do exterior vieram sujá–lo, e essa só pode ser executada por mãos puras".

A vassoura é ainda considerada por algumas civilizações como símbolo do alcance dos fins, possuidora da qualidade de clarividência, ou seja, aquela que vê com clareza.

Por apresentar todo este simbolismo, resolveu–se usar a vassoura como Objeto Intermediário no contexto organizacional, atribuindo a este objeto uma caricatura, um nome e um poder, o poder de percorrer toda a empresa e verificar seus pontos positivos e negativos.

Solicitamos aos participantes que se sentassem em círculo e o exercício foi iniciado com a apresentação da vassoura caricaturada dizendo: Temos hoje aqui a Margarida, uma vassoura com super poderes. Ela pode circular por toda a empresa e em suas andanças conhecer muito bem tudo o que acontece na empresa, os pontos positivos, os negativos, as necessidades de mudanças. Agora, convido vocês para fecharem os olhos e fazerem uma caminhada com a Margarida. No caminho ela irá mostrar para vocês tudo o que está encontrando. Vou colocar uma música para que o passeio fique bem descontraído e quando parar de tocar o passeio estará encerrado e vocês poderão escrever nestas folhas de sulfite que estamos entregando tudo o que a Margarida mostrou–lhes durante esse passeio imaginário, solicitamos também que mantenham o anonimato em seus escritos".

Tanto as frases quanto as histórias criadas a partir da viagem imaginária forneceram dados sobre as condições e a organização do trabalho, sendo que em relação às condições de trabalho, os dados apontados forneceram indicativos de que a percepção do risco é entendida pelos trabalhadores como desconforto e não como gerador de doenças. Os riscos físicos e químicos como calor, poeira e vapores químicos foram os mais assinalados como geradores de desconforto para os trabalhadores. Questões referentes à organização, ordem, limpeza e segurança do trabalho, também foram apontadas como mostram os escritos subseqüentes:

"Passando pelo setor trefila seco, Margarida encontrou muitos problemas ligados na ordem de pontas de fio, vergalhão jogado pelo chão, papéis também jogados e lixo fora da ordem de organização. Por sua vez Margarida resolveu ir para linha de latonagem e lá encontrou produtos químicos derramados pelo chão, bobinas, latonagem sem organização, papéis e pontas de fios também jogados. Ela também resolveu ir para trefila fina e lá encontrou falta de ordem das bobinas estocadas pelo chão, fios jogados pelo chão, piso molhado do banho das máquinas ou vazamentos de óleo, e lá nas cordeiras há muitas etiquetas, papéis jogados pelo chão. Poeira, fumaça, pessoas, sujeira, calor, água, pedaço de ferro, fios por todo lado, empilhadeira, trator, máquina de solda, carrinhos, manutenção, bobinas de fio, bobinas de corda, caixa de papelão, paletes de madeira, paletes de ferro, caçamba de sucata, balança, e muitas pessoas trabalhando com união, etc."

Aspectos relacionados à organização como sobrecarga, processos de trabalho, relações interpessoais, também foram apontados pelos trabalhadores, indicando o funcionamento da empresa em questão. Apontamentos sobre o ritmo de trabalho foram observados na história que se segue:

A Margarida vai encontrar na fábrica muitos equipamentos e máquinas, um pouco de barulho, vai ver que o nosso principal produto é a........ e para se obter esse produto final é necessário passar por vários processos onde existem pessoas diferentes trabalhando com o mesmo objetivo de levar o sustento para suas famílias. Na fábrica, existe um forte esquema de segurança, ela vai observar as pessoas usando os EPIs. Vai ver que existem as faixas de segurança, as placas indicativas, também como o nosso produto... . ela vai ver que pode haver fios ou pedaços de cordas nos latões que, às vezes, caem no chão. As pessoas se movimentam muito rápido para vencer o trabalho. As paradas para um café ou beber água têm que ser muito rápidas, às vezes, durante o período de trabalho tem que ir ao caixa eletrônico tem que ser muito rápido. Ela viu muita correria e também alguns operadores trocando fieira para a máquina poder trabalhar ou até o operador andando em volta das máquinas olhando se o embobinamento está correto. Porque se não tiver correto, fica ali parado até acertar. Ela pode estar passando ali e pegar alguma coisa errada, o fio fora das roldanas ou também dar alguma opinião para o operador trabalhar mais devagar sem correria, fazer uma por uma para não ter perigo de se machucar".

Nas histórias subseqüentes pôde–se observar aspectos diferentes do fluxo de produção:

Margarida entrou pela porta e viu um monte de bobinas e fios. Seguiu em frente e viu que esses fios entravam dentro de um forno e subiu em cima e viu um monte de pessoas trabalhando, pessoas que queriam fazer o melhor de si mesmas. A Margarida passando pela fábrica viu um lugar com um processo curioso, onde um fio passa por várias transformações, tratamentos químicos e redução de... . até chegar no seu produto final que é....... E viu também uma fábrica limpa e organizada. Dentro do processo de transformação passa descrito, primeiro passamos pelo monofio e trefilas depois, passamos pelo forno, linha de latonagem e trefila fina e, por último, a cordeira".

Margarida conheceu a fábrica de... . Ela passou pelo monofio, conhecendo todo trabalho, desde o vergalhão até o processo de trefila a frio. O tratamento que sobe e passa pela plataforma até chegar nas trefilas finas tornando–se bobinas de fio. Passou também nas cordeiras onde o produto acabado é colocado na caixa e levado para o cliente".

A sobrecarga de trabalho foi outro ponto destacado pelos trabalhadores:

A Margarida vai trabalhar em horário 6x2, trabalha 6 dias e folga 2, 6 dias de trabalho corrido. Quando entrar na fábrica Margarida, você deve usar os EPIs. Você trabalha bastante e é muito cansativo, mas você vai conhecer pessoas muito legais e também "A... . oferece muitos benefícios. Mas tem que ter muito cuidado para evitar os acidentes de trabalho. E o "mais bom"é quando se encerra os 6 dias de trabalho, aí a gente se reúne no clube, vamos bater uma bola e tomar uma cerveja todos juntos".

Queixas referentes à falta de reconhecimento profissional também foram expressas como no exemplo seguinte:

Muito lixo, algumas coisa certas e erradas, ex: alguns trabalham demais e outros não fazem nada. Outros suam a camisa para mesmo assim levarem a culpa por tudo que sai errado. Agora se alguma coisa sai certo nunca é quem está cansado de tanto trabalhar que tem os méritos, mas aquele que não faz por merecer. Mas uma coisa, se a chefia não vê tem um que com certeza está vendo!!!. No passar pel"A... . eu vejo que é uma boa firma, falta apenas um pouco de justiça para o equilíbrio se tornar perfeito. Todos procuram fazer o melhor apenas querem um pouco de valor".

Associada à sobrecarga e ao ritmo observamos também a denúncia da fadiga:

Ao entrar na empresa ela encontrou muita organização, chão limpo e também os trabalhadores trabalhando com dedicação. Mais adiante viu operários com expressão de cansaço e um ritmo bem acelerado de produção e percebeu que os trabalhadores a maior parte, dando tudo de si, mas, porém uma pequena parte pouco interessada com a produção. Viu também que todos colaboram uns com os outros".

Aspectos relacionados a forma das relações interpessoais também apareceram nos escritos, seguindo alguns exemplos:

A Margarida encontrou na fábrica muita incompreensão, muita gente durante o dia que trabalha muito pouco enquanto o pessoal da produção trabalha demais. Ela viu que se o pessoal do dia ajudasse o pessoal do turno, daria mais produção e ninguém cansava tanto, não se desgastava tanto".

Pessoal trabalhando, fábrica limpa, funcionário não usando os EPIs, pessoal bastante unido em relação tanto no trabalho como no lazer. Funcionário que gosta de ser muito mais que o encarregado. Uma turma querendo sempre ser melhor que a outra. Um restaurante limpo com boas refeições. Funcionário sempre produzindo com qualidade. Um bate papo que é quase impossível".

Na história abaixo, o trabalhador informa como a pressão se torna um fator relevante para ocorrência do acidente de trabalho.

Margarida uma vassoura que tinha poderes de ver, tocar, cheirar, ouvir. Uma vez resolveu ver a fábrica por cima. Ela viu que havia muitas pessoas trabalhando em várias máquinas, operadores, supervisores, chefes e inspetores da Qualidade. Só que há muitos que não estão ali para trabalhar e sim para criticar o trabalho do próximo, questionando coisas a toa, fazendo pressão em cima dos que querem trabalhar direito, trabalhar do jeito que está sendo pedido. Pessoas que se sentem pressionadas com tanto trabalho, com tanta gente ao seu redor mandando, discutindo, dizendo que está fazendo errado, que, isso não vai ficar assim. Esse trabalhador acaba se acidentando porque se sentiu com medo de acontecer algo com o seu trabalho, com a sua profissão, isso deveria mudar, pra melhor".

O uso do Objeto Intermediário para avaliação da relação dos participantes com o trabalho.

Em outra atividade realizada com o grupo, o objetivo era promover a auto–percepção, desenvolver a criatividade, avaliar a situação dos trabalhadores no contexto organizacional, seus sentimentos e conflitos, identificar problemas, detectar relações existentes entre expressões de sofrimento (ou prazer), desenvolver a reflexão sobre o cotidiano, avaliar características de clima e cultura organizacional, fornecer dados sobre a dinâmica das relações interpessoais e promover a mobilização subjetiva grupal sobre a situação do trabalho.

Para isso, utilizamos como Objetos Intermediários: música de interiorização (Vangelis: Main Theme From "Missing" e Five Circles), folhas de papel sulfite, fios de lã coloridos, colas e canetas hidrográficas.

Solicitamos aos participantes que fechassem os olhos e começassem a pensar sobre o dia–a–dia de trabalho. Então, introduziu–se a música de interiorização e as seguintes consignas: "Comecem a imaginar como esse cotidiano de trabalho pode ser representado por uma linha; imaginem que esta linha tem uma cor, um movimento, uma forma; procurem, agora, criar uma imagem que represente a relação que vocês têm com o trabalho."

Enquanto os participantes estavam com os olhos fechados, vários fios de lã foram colocados no centro do grupo (no chão) e após isto foi pedido aos participantes que abrissem os olhos e escolhessem um fio de lã para a construção da imagem.

Através das imagens, dos escritos e dos comentários feitos pelos trabalhadores, foi possível diagnosticar pontos relevantes no que concerne aos aspectos relativos à organização do trabalho na empresa.

O uso do Objeto Intermediário para avaliação dos desejos em relação às mudanças no contexto do trabalho.

Segundo Menegazzo et al., (1995, p. 169) "todo homem como foi capaz de se arrojar no mundo no ato do nascimento, sempre terá a potencialidade de voltar a se fundar num novo ato de criatividade resolutiva. É essa oportunidade que deve ser oferecida ao protagonista e ao grupo no trabalho dramático".

Para essa tarefa de reestruturação criadora, elaboramos um jogo que denominamos Jogo do Gênio, partindo do conceito de que "em cada indivíduo, estão em jogo não somente as características ou os papéis irresolutos e fixados em determinados modos do passado, mas também a totalidade de seu ser. São essas outras facetas que possibilitam intervir no que estava fixado, oferecendo uma nova maneira para que possam ser corrigidos os aspectos fixados e restabelecido o processo resolutivo adequado, resolvendo os aspectos truncados da identidade e se entregar à mudança que implica em novos objetivos e novos projetos" (Menegazzo et al., 1995, p. 169).

Para o desenvolvimento desse jogo utilizamos como Objeto Intermediário uma máscara cuja imagem foi caricaturada pela figura de um gênio, idéia baseada na dramatização dirigida por Moreno em 1º de abril de 1921 na cidade de Viena, na qual o autor, tendo como único cenário um trono vermelho e uma coroa dourada, solicitou aos participantes que ao se colocarem no papel de rei apontassem o que fariam para organizar e dirigir o país. Baseando–se nesta idéia a senha do referido jogo foi: "Se vocês tivessem a oportunidade de se depararem com um gênio e pudessem fazer pedidos ao menos para melhorar o ambiente de trabalho, o que pediriam? Para essa atividade precisamos de um gênio, quem poderia ser esse gênio?" Rapidamente o protagonista surgiu e iniciamos a atividade.

A atividade desenvolvida – Jogo do Gênio – tem uma mistura de conteúdos míticos e imaginários possíveis de serem representados na figura do gênio. O uso da máscara define um modo para o enfrentamento das situações ameaçadoras do espaço psicodramático e é um objeto indicado para desinibir os participantes. A máscara, possuidora de um caráter mágico, facilita a passagem do que se é ao que se quer ser.

De acordo com Chevalier & Gheerbrant (2001, p. 598) "a máscara é um símbolo de identificação no qual o ator que se cobre com uma máscara se identifica, na aparência ou por uma apropriação mágica, com o personagem representado".

A máscara é, enfim, um liberador, opera como uma catarse, um mediador, entre o oculto e o que precisa ser revelado. Neste sentido, ao usar uma máscara o indivíduo alimenta–se de seus próprios desejos, expõe aspectos de sua personalidade, suas pulsões, seus conflitos interiores bem como seus ideais.

A identificação com a manifestação mágica da figura possui uma modalidade de manifestação do "self". A máscara não esconde, ela revela conflitos internos que precisam ser exteriorizados, ela transforma o corpo, mas conserva sua individualidade e capta a força vital que escapa. Por meio da máscara o poder é mobilizado, encarna–se o outro ser no imaginário do eu posso ser.

A imagem do gênio tem um valor simbólico daquele que tem o poder de desencadear determinados fatos. Conceituado no Dicionário Aurélio como espírito inspirador com altíssimo grau ou o mais alto de capacidade mental criadora em qualquer sentido, indivíduo de extraordinária potência intelectual.

Sob diversos nomes, na maioria das tradições antigas, "um gênio acompanha cada homem, como seu duplo, seu Daimon, seu anjo da guarda, seu conselheiro, sua intuição, a voz de uma consciência supra–racional" (Chevalier & Gheerbrant, 2001, p. 468).

Segundo os autores, em algumas civilizações o gênio simboliza a centelha de luz que escapa de todo controle e que engendra a convicção mais íntima e mais forte. é considerado também, na concepção dos autores, como o "arquétipo da ordem social" estabelecido por Deus. O ser criado para proteger podendo intervir nos sacrifícios.

Diante destas simbolizações, a figura do gênio se mostrou ideal para ser utilizada como Objeto Intermediário para a atividade que foi conduzida da seguinte forma:

Solicitamos aos participantes que ficassem em círculo. Colocamos uma cadeira em destaque e pronunciamos: "Quem quiser ser o gênio venha se sentar nessa cadeira". Ressalta–se que em um dos grupos, todos quiseram passar pelo papel. Após as manifestações, colocou–se a máscara no participante que assumiu o papel de gênio e pronunciou–se aos demais: "Agora, imaginem que vocês estão defronte a um gênio e que podem fazer pedidos a ele para melhorar o local de trabalho. O que vocês pediriam?". No caso do grupo em que todos os participantes quiseram assumir o papel de gênio, a consigna foi mudada: "Se você fosse um gênio o que você mudaria no local de trabalho?". Sucessivamente, seguiu–se o momento dos pedidos. Esses foram feitos completando–se a frase: "Vou pedir para...". Em seguida, agrupamos os pedidos por temas e apresentamos na seqüência:

Mobilização de problemas relacionados à comunicação:

"Mudar a comunicação".

"A chefia escutar mais os trabalhadores".

"Eu mais compreensão... Pedir para o pessoal da qualidade ter mais compreensão.

Problemas relacionados à superestrutura (produtividade, pressão, falta de tempo, fadiga)":

"Melhorar as condições de trabalho para que as máquinas não quebrassem".

"Eu queria que o pessoal diminuísse o número de máquinas por funcionário".

"Eu vou pedir menos máquinas para que eu possa dominar".

"Eu queria pedir menos máquinas para trabalhar".

"Eu vou pedir para a gerência diminuir as máquinas".

"Eu quero pedir mais gente para trabalhar na fábrica".

"Tinha que ter um carrinho a mais para o operador porque às vezes ele carrega no braço".

"Eu queria tudo mais peça e mão–de–obra para ajudar a gente".

"Eu queria aumentar o horário de almoço".

"Eu queria pedir menos máquinas para trabalhar".

"Queria aumentar o horário de almoço".

Apontamentos sobre perspectiva profissional, plano de carreira, emprego e salário:

"O pessoal terceirizado, 'os colarinhos vermelhos', deveriam ganhar igual".

"Aumentar 100% meu salário, meu salário está baixo".

"Gênio, eu acho o seguinte, o trampo é pesado, é muito corrido eu gostaria de um salário mais digno".

"Gênio eu vou pedir que a... ... . . cresça mais e mantenha o emprego e saúde dos colegas".

"Eu vejo aqui que a empresa tá crescendo e a gente vê que os trabalhadores não estão, tem operador que está aqui há mais tempo (15 anos) são pessoas que merecem chance de crescer e não estão crescendo".

Condições gerais de conforto que foram solicitadas:

"Eu quero ganhar mais, uma TV nova para o restaurante e acabar com a hora extra".

"Aumentar as geladeiras, pôr água gelada".

"Melhorar a saída da fábrica para o restaurante".

"Eu vou pedir mais manutenção preventiva".

Pedidos de melhorias nas relações interpessoais:

"Dar uma força para mudar o relacionamento das pessoas na fábrica".

"Eu quero pedir espaço de decisão para os operadores".

"Outros pedidos referentes às condições de trabalho foram:

"Quero pedir que os acidentes diminuíssem o máximo possível".

Um 'joli' (termo empregado pelos trabalhadores para solicitar um ajudante) para nos ajudar".

Neste jogo, o gênio humanizado recebeu os pedidos do coletivo. Ao se depararem com a figura do gênio os participantes ficaram mobilizados e tomaram consciência de suas necessidades no ambiente de trabalho, os pedidos surgiram como manifestação dos desejos desse coletivo em relação às mudanças no ambiente de trabalho.
O uso do Objeto Intermediário para avaliação dos resultados da atividade.

Após aproximadamente 2 (dois) meses da coleta de dados, voltamos à empresa para apresentação do relatório final da pesquisa. Realizamos uma atividade para verificarmos juntamente com os participantes, os anelos de mudanças mais mobilizados com a participação destes nas atividades psicodramáticas. Para a atividade utilizamos como Objeto Intermediário folhas de papel sulfite, lápis e canetas.

Iniciamos a atividade solicitando aos participantes que ficassem em pé, em círculo e, por um momento, tentassem lembrar sobre as atividades grupais de que haviam participado. Introduzimos uma música de sensibilização e, na seqüência, entregamos folhas de papel sulfite a cada um. Pedimos que os mesmos dobrassem–na ao meio pensando em dois momentos distintos: antes e depois da participação nas atividades. Então, os trabalhadores escreveram ou desenharem como se sentiam nestes dois momentos utilizando o antes em uma parte da folha e o depois, na outra.

Bibliografia:


BARBERÁ, E. KNAPPE.P.P. A Escultura Na Psicoterapia: Psicodrama e outras técnicas de ação. São Paulo: Agora, 1999.

BERMUDEZ, J. G. R. Introdução ao psicodrama. Tradução Dr. José Manoel D Alessandro. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

GONÇALVES, C. S. & outros. Lições de Psicodrama. Introdução ao Pensamento de J.L.Moreno. São Paulo: Ágora, 1988.

MARINEAU, R. F. Jacob Levy Moreno 1889-1974 - Pai do psicodrama, da sociometria e da psicoterapia de Grupo. São Paulo: Ágora, 1992.

MORENO, J.L. Psicoterapia de grupo e psicodrama. Tradução José Carlos Vítor Gomes. Campinas. SP: Livro Pleno, 1999.

KNAPPE, P. P. Mais do que um jogo: Teoria e prática do jogo em psicoterapia. São Paulo: Ágora, 1998.

SEIXAS, M. R. A. Sociodrama Familiar Sistêmico. São Paulo:ALEPH, 1992.



OBJETO INTERMEDIÁRIO


O termo "Objeto Intermediário" foi introduzido na teoria e na prática psicodramática por Rojas–Bermúdez como um recurso para o favorecimento do aquecimento dos pacientes psicóticos crônicos durante as sessões de Psicodrama conduzidas pelo referido autor.

Do ponto de vista da conceituação teórica, este termo foi assim denominado pelo autor, devido à própria qualidade deste em intermediar a passagem do estado de alarme (campo tenso) para o campo relaxado.

Do ponto de vista prático, o Objeto Intermediário, "é qualquer objeto que funcione como facilitador do contato entre duas ou mais pessoas". Sendo assim, "uma bexiga, uma folha de jornal ou um barbante que servem para intermediar a comunicação e são veículos da expressão de afeto"

Dessa forma, o Objeto Intermediário sugere a utilização de uma infinidade de materiais como música, papéis, figuras, desenhos, entre outros que aplicados sob uma diversidade de técnicas como dançar, pular, desenhar, recortar, colar, imaginar, modelar, dentre outros, favorecem o envolvimento dos participantes, o aparecimento da comunicação (verbal e não verbal) e a expressão dos sentimentos.

Bibliografia:


BARBERÁ, E. KNAPPE.P.P. A Escultura Na Psicoterapia: Psicodrama e outras técnicas de ação. São Paulo: Agora, 1999.

BERMUDEZ, J. G. R. Introdução ao psicodrama. Tradução Dr. José Manoel D Alessandro. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

GONÇALVES, C. S. & outros. Lições de Psicodrama. Introdução ao Pensamento de J.L.Moreno. São Paulo: Ágora, 1988.

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SEIXAS, M. R. A. Sociodrama Familiar Sistêmico. São Paulo:ALEPH, 1992.



ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES

A Sessão de Psicodrama/ Sociodrama – Fases, Contextos e Instrumentos.

a) O Psicodrama/Sociodrama é caracterizado por três fases distintas:
- Aquecimento: Pode ser específico ou inespecífico. No aquecimento inespecífico o objetivo é o surgimento do protagonista/tema, que deverá ser aquecido para a ação dramática com um aquecimento específico para esse fim.

- Dramatização: É quando ocorre a ação dramática propriamente dita. O protagonista/grupo é levado a representar as figuras de seu mundo interno, presentificando seu conflito no cenário.

- Compartilhar: Fase em que o grupo é levado a expressar aquilo que o tocou emocionalmente, sentimentos despertados e vivências em conflitos semelhantes a da dramatização.

b) Os contextos que fazem parte da sessão de Psicodrama são
- Contexto social: É a realidade social. O tempo cronológico é normal, medido por calendário e pelo relógio, o espaço é concreto, sendo regido por leis e normas sociais que ditam padrões de conduta e compromissos. Possibilita pouco grau de liberdade.

- Contexto grupal: É a realidade do grupo. O tempo cronológico é anteriormente combinado e estabelecido, o espaço é concreto (que pode ser escolhido e delimitado), sendo regido pelo grupo, estruturando-se sobre uma desvinculação de modelos controladores, coercitivos e destrutivos com maior grau de liberdade que o anterior.

- Contexto dramático: É a realidade dramática (imaginária e da fantasia). O tempo é subjetivo, o espaço é fenomenológico e virtual (mas construído sobre o espaço concreto e demarcado), estruturando-se no “como se fosse”, dando assim a oportunidade, de que em ambiente protegido, as pessoas possam vivenciar sua estória num grau de liberdade ampliado.

c) Os instrumentos do Psicodrama/Sociodrama são:
- Cenário: é o local onde ocorre a ação dramática.

- Protagonista: é o sujeito que emerge para a ação, com consentimento grupal, por simbolizar os sentimentos comuns que permeiam o grupo.

- Diretor: Terapeuta que dirige a sessão de Psicodrama.

- Ego-auxiliar: Terapeuta que interage em cena com o protagonista, comunicando ao diretor aspectos adicionais, advindas da de sua interação diferenciada com o protagonista. Em alguns casos, essa função pode ser executada por um dos integrantes do grupo, escolhido pelo protagonista, sendo então chamado de ego-auxiliar espontâneo.

- Público: é o grupo terapêutico participante da sessão, que serve como caixa de ressonância para o protagonista por seu compartilhar na ultima fase da sessão.

d) Principais Técnicas do Psicodrama/Sociodrama:
- Duplo: o ego-auxiliar, ou em alguns casos, o próprio diretor, adota a postura corporal do protagonista entrando com ele, em sintonia emocional, no intuito de expressar verbalmente, aquilo que o protagonista evita ou não consegue perceber.

- Espelho: é uma técnica de manejo delicado, pois, o protagonista pode se sentir em zombaria, quando o ego-auxiliar o imitá-lo (espelhar fidedignamente) em todos os seus movimentos e expressões. Em outra forma, retira-se o protagonista da cena e este passa a assisti-la de fora, com um ego-auxiliar desempenhando seu próprio papel.

- Inversão de papéis: Embasada na terceira fase da Matriz de Identidade, a técnica consiste em trocar o papel que o protagonista esta desenvolvendo com o de seu interlocutor ou interlocutores. Se bem aplicado produz benefícios terapêuticos consideráveis.

- Solilóquio: Técnica em que a presença do ego-auxiliar não se faz necessária. Solicita-se ao protagonista a falar em voz alta o que está pensando, seja em relação ao diálogo ativo, ou em relação a qualquer outro tema que esteja em desenvolvimento.

- Concretização: técnica de representação de objetos inanimados, partes do corpo, doenças, emoções, sentimentos, entre outras, através de imagens, movimentos ou fala dramática. Tornar manifesto o conteúdo daquilo que é simbólico.

- Apresentação do átomo social: utilizada geralmente em entrevistas iniciais e diagnósticas, consiste numa apresentação específica, onde o protagonista é levado a apresentar o conjunto de seus vínculos importantes e significativos. Recomendo para esse fim a utilização de pequenos bonecos de pano, que facilitam a visualização de fatores considerados importantes, como a ordem de apresentação, a distância entre os bonecos, o modo de colocação (mais afetiva ou menos afetiva), etc.

- Interpolação de resistência: Moreno utilizou esse nome para vários procedimentos técnicos, que tem em comum o fato de visarem “contrariar” disposições conscientes e rígidas do protagonista. Permitem ao cliente ter acesso a novos pontos de vista, mais flexibilidade em suas posições relacionais e buscar caminhos mais produtivos para sua tele-sensibilidade.

O Conceito de Papel:
O termo papel foi tomado de empréstimo do ambiente teatral e tornou-se um dos pilares da teoria moreniana.

Segundo Moreno o termo papel pode ser definido como:

“Forma de funcionamento que o individuo assume no momento específico em que reage a uma situação específica na qual outras pessoas ou objetos estão envolvidos”. (MORENO, 1983(1), pg. 27)

Uma característica importante do “papel” é que ele pode ser observado. Por essa característica, Moreno acredita que seu conceito poderia ser mais apropriado do que o conceito de personalidade.

Outra característica relevante é a questão de complementaridade, pois para cada papel, sempre haverá seu contra papel, pois como diz Almeida:

“...todos os papéis são complementares em do outro. O papel de professor só existe se houver o complementar de aluno e vice-versa.” (ALMEIDA, 1998, pg. 30)

Segundo Bermudez (1970) o processo de aprendizagem de um papel chama-se “treinar o papel” (role-playing). Ao processo de desempenhá-lo, atendo-se as suas características, “assumir o papel” (role-taking), e ao de enriquecê-lo ou modificá-lo, “criar o papel” (role-creating).

Segundo a classificação moreniana, temos três tipos fundamentais de papéis:

- Papéis Psicossomáticos: são os papéis ligados as funções fisiológicas indispensáveis, como comer, dormir, defecar, etc.

- Papéis Sociais: São os papéis que correspondem às funções sociais assumidas pelo individuo e por intermédio dos quais ele se relaciona com o ambiente.

- Papéis Psicodramáticos: também chamados de “papéis psicológicos”, são todos os papéis que surgem da atividade criadora do individuo.

Os Conceitos de Espontaneidade/Criatividade, Tele/Transferência, Conserva Cultural e Catarse de Integração:

- Espontaneidade e Criatividade: A criatividade não pode ser separada da espontaneidade, pois este último é um fator permissivo para o potencial criativo atualizar-se ou manifestar-se. No ínicio da humanidade as pessoas aprenderam a utilizar o fogo e ferramentas, e através desta ação espontânea e criativa determinaram o futuro de uma raça. Segundo Bermudez a espontaneidade no sentido dado por Moreno é a capacidade de um organismo em adaptar-se de forma adequada a novas situações.

Segundo a teoria moreniana, o bebê nasce espontâneo e criativo e com o passar do tempo vai sendo cerceado dessas características pelo contexto social. Sem a espontaneidade e criatividade o homem adoece. É tarefa primordial a liberação da espontaneidade e criatividade, escapando das conservas culturais.

- Conserva cultural: É produto da criatividade, aspira ser o produto terminado do processo criador e como tal assumem um caráter quase que sagrado. A Conserva Cultural pode ser considerada a matriz cultural, científica, tecnológica, artística, lingüística etc., onde ocorre a cristalização de uma ação criadora em um produto que fará parte do acervo cultural de uma sociedade.

Se o homem se detiver num demasiado respeito ao já produzido, conservando e cultuando o que está pronto, limitará sua espontaneidade. Por esse motivo, as conservas culturais devem constituir apenas o ponto de partida de uma ação.

- Tele e transferência: A palavra Tele significa “à distância”. O fenômeno da Tele pode ser definido como a empatia ocorrendo nas duas direções da relação.

Em relação à transferência, Moreno limitou-se a considerá-la uma patologia da tele, sem ter interesse de aprofundar sua conceituação. Um dos objetivos morenianos é de descobrir, aprimorar e utilizar os meios que facilitem o predomínio das relações télicas sobre as relações consideradas pela visão de Moreno como relações transferênciais.

- Catarse de integração: Fenômeno que dá sentido terapêutico ao Psicodrama, onde acorre a mobilização dos afetos e emoções dentro da dramatização, possibilitando aos participantes a clarificação intelectual e afetiva das estruturas psíquicas que o limitam na atuação dos papéis psicodramáticos e sociais, abrindo assim novas possibilidades existenciais.

Bibliografia:


BARBERÁ, E. KNAPPE.P.P. A Escultura Na Psicoterapia: Psicodrama e outras técnicas de ação. São Paulo: Agora, 1999.

BERMUDEZ, J. G. R. Introdução ao psicodrama. Tradução Dr. José Manoel D Alessandro. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

GONÇALVES, C. S. & outros. Lições de Psicodrama. Introdução ao Pensamento de J.L.Moreno. São Paulo: Ágora, 1988.

MARINEAU, R. F. Jacob Levy Moreno 1889-1974 - Pai do psicodrama, da sociometria e da psicoterapia de Grupo. São Paulo: Ágora, 1992.

MORENO, J.L. Psicoterapia de grupo e psicodrama. Tradução José Carlos Vítor Gomes. Campinas. SP: Livro Pleno, 1999.

KNAPPE, P. P. Mais do que um jogo: Teoria e prática do jogo em psicoterapia. São Paulo: Ágora, 1998.

SEIXAS, M. R. A. Sociodrama Familiar Sistêmico. São Paulo:ALEPH, 1992.

SOCIODRAMA x PSICODRAMA

Sociodrama: Sócio = grupo, companheiro. Drama = ação.
O protagonista do trabalho é sempre o grupo.

Psicodrama: Psico = Eu. Drama = ação. individuo.
O psicodrama parte de um mundo pessoal e privado e vai buscar a sua inscrição num drama coletivo; a "catarse da pessoa" significa justamente a explicitação coletiva desta dimensão privada que a constitui, ou seja, um movimento "de dentro para fora", uma vivência subjetiva que se objetiva frente ao mundo. É claro que a alienação não se rompe de uma vez por todas, e que o movimento de sua dissolução tende a cair sempre num mundo alienado.

O sociodrama, por outro, parte de conflitos sociais, tal quais objetivados enquanto eventos reais, e convida cada um dos seus agentes potenciais a vivê-los na própria pele.

Desta forma, trata-se de um processo de subjetivação de uma realidade objetiva, a possibilidade da participação e da colocação de cada um frente a uma realidade que é de todos. É verdade que os problemas permanecem após as sessões sociodramáticas e que sua resolução está inscrita numa "praxis" que transcende as paredes dos métodos sociodramáticos.

No entanto, é impossível deixar de ver neste processo uma possibilidade de revolucionar as atitudes, de sacudir o comodismo e de fazer emergir o sujeito humano, enquanto consciência prática de sua posição no mundo. É por esta razão que não saberíamos definir, para o sociodrama, uma meta diferente daquela que, ainda há pouco, assinalávamos para o psicodrama. Como métodos complementares, sua diferença básica reside fundamentalmente na perspectiva com que visualizam e enfrentam o drama humano, pois quer se parta do mundo privado e imaginário de um psicótico ou dos conflitos raciais do bairro de Harlem, os caminhos se cruzam e convergem sempre para um mesmo ponto fundamental, sobre o qual se apoia toda á prática sociátrica; este ponto, que define ontologicamente a vida humana em todos os seus níveis, constitui aquilo que aprendemos com Heidegger, a designar como o "ser-no-mundo”.



Bibliografia:


BARBERÁ, E. KNAPPE.P.P. A Escultura Na Psicoterapia: Psicodrama e outras técnicas de ação. São Paulo: Agora, 1999.

BERMUDEZ, J. G. R. Introdução ao psicodrama. Tradução Dr. José Manoel D Alessandro. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

GONÇALVES, C. S. & outros. Lições de Psicodrama. Introdução ao Pensamento de J.L.Moreno. São Paulo: Ágora, 1988.

MARINEAU, R. F. Jacob Levy Moreno 1889-1974 - Pai do psicodrama, da sociometria e da psicoterapia de Grupo. São Paulo: Ágora, 1992.

MORENO, J.L. Psicoterapia de grupo e psicodrama. Tradução José Carlos Vítor Gomes. Campinas. SP: Livro Pleno, 1999.

KNAPPE, P. P. Mais do que um jogo: Teoria e prática do jogo em psicoterapia. São Paulo: Ágora, 1998.

SEIXAS, M. R. A. Sociodrama Familiar Sistêmico. São Paulo:ALEPH, 1992.