18 de maio de 2010

FUNDAMENTOS TÉCNICOS PARA ATUAÇÃO EM GRUPO

Planejamento

Questões a serem respondidas:
1- Quem vai ser o coordenador? (qual seu esquema referencial, quais as técnicas a serem utilizadas, quais as formas de abordagem sobre essa técnica, etc.).

2- Para o que e para qual finalidade o grupo esta sendo composto? (Familiar, ensino aprendizagem, psicoterápico, etc.).

3- Para quem ele se destina? (caracterização da população: crianças, gestantes, empresários, etc.).

4- Como ele funcionará? (homogêneo ou heterogêneo, aberto ou fechado, com ou sem co-terapia, número de participantes, de reuniões semanais, tempo de duração total e das sessões, será acompanhado por um supervisor ou não, etc.).

5- Onde (local) e em quais circunstâncias, e com quais recursos? (consultório privado, instituição, tem apoio da cúpula administrativa, sempre no mesmo local, etc.).
Seleção e Grupamento.

Não há unanimidade: Alguns preferem aceitar todos que manifestem a vontade de trabalhar em determinado grupo, resolvendo os contratempos assim que eles ocorram. Outros assumem certas regras ancoradas nas seguintes argumentações:

a) Motivação frágil acarreta uma participação pobre ou abandono prematuro.

b) Abandono prematuro acarreta mal estar para o individuo, coordenador e para o grupo.

c) O grupo pode se sentir desrespeitado e violentado pelo desertor que participou da intimidade do grupo e pela negligência do coordenador.

d) Desconforto contratransferencial.

e) Situações constrangedoras quando, por exemplo, muito cedo fica patente entre os componentes do grupo, um acentuado desnível de cultura, inteligência, patologia psíquica.

Enquadre.

Soma de todos os procedimentos que organizam, normatizam e possibilitam o funcionamento grupal.

São as regras do jogo, mas não o jogo propriamente dito. Pode haver uma junção de regras, atitudes, e combinações por parte do coordenador e do grupo.

a) Homogêneo ou heterogêneo: mesma categoria de características ou comporta variações? Ex. só alcoólicos? Só gerentes?

b) Fechado ou aberto: depois de composto o grupo poderá entrar mais alguém?

c) Duração: Tempo limitado ou ilimitado. (no caso de instituições, geralmente é limitado, como no caso da clinica da faculdade, outros como psicodrama publico do Centro Cultural é ilimitado).

d) Número de participantes: Pequenos grupos de três componentes, terapia de casal, ou numerosos participantes.

e) Número de reuniões e sua freqüência, tempo de duração.

Manejo de resistências.

O primeiro passo é ter uma idéia clara da função que elas estão representando no momento grupal.

Discriminar entre as resistências inconscientes (supostos básicos) que de fato são obstrutivas ao trabalho grupal, das resistências que revelam como o self de cada um aprendeu a se defender na vida contra o risco de serem humilhadas, abandonadas, etc.

Nos grupos operativos são sinalizadores da presença de resistências: Excessivos atrasos e faltas, aliados a um decréscimo da leitura dos textos combinados. Discussões “mornas” caracterizando um clima de apatia.

A falta de adequação na condução do grupo e “conluios resistênciais inconscientes” entre o coordenador e demais integrantes, contra o desenvolvimento de certos aspectos da tarefa na qual estão trabalhando.

Manejo dos aspectos transferênciais.

Um manejo técnico adequado consiste em reconhecer e discriminá-las.

Possui quatro níveis em relação ao campo grupal:

- de cada individuo com seus pares.

- de cada um para a figura do coordenador.

- de cada um para o grupo.

- todo o grupo em relação ao coordenador.

Na contratransferência o importante é que o coordenador saiba que é de surgimento inevitável, e que o manejo adequado é não permitir que os sentimentos invadam sua mente, de modo a se tornarem patogênicos; pelo contrario, que eles possam constituir como um instrumento para a empatia.

Manejo dos actings.

Acting = atuação.

Agir fora do tratamento, como forma de descarregar uma exigência pulsional no lugar do seu investimento na transferência (análise).

Actings benignos: Conversas pré e pós reuniões, encontros sociais entre participantes, alguma ação transgressora que no fundo pode estar significando uma saudável tentativa de quebrar tabus e estereotipias obsessivas.

Actings malignos: de natureza psicopática. Outra forma comum de atuação é a divulgação de situações sigilosas e privativas para fora do grupo.

Comunicação.

O grupo é um excelente campo de observação de como são transmitidas e recebidas as mensagens verbais, com as possíveis distorções e reações por parte de todos. Merecem destaque também, as múltiplas formas de comunicação consideradas não-verbais (gestos, tipos de roupa, somatizações, silencio, choro, etc.).

Atitude interpretativa.

Uso de perguntas que instiguem reflexões, clareamentos, assinalamentos de paradoxos e contradições, confronto entre a realidade e o imaginário, abertura de novos vértices de percepção. Engloba também, toda participação verbal do coordenador em prol da integração de aspectos dissociados dos indivíduos, da tarefa e do grupo. A “interpretação” se restringe às situações psicanalíticas.

Não existe uma formula mágica do que dizer e como dizer, cada coordenador deve respeitar seu estilo e forma peculiar de ser.

Funções do ego.

Como os indivíduos utilizam a capacidade de percepção, pensamento, conhecimento, juízo critico, etc. A essência da terapia de casal ou de família, consiste em “ensinar” os participantes a usarem as funções de escutar o outro (diferente de ouvir) de cada um ver o outro (diferente de olhar) de poder pensar o que esta escutando e nas experiências emocionais pelas quais eles estão passando, e assim por diante).

Papéis.

A importância consiste no fato de que o individuo também esta executando esses mesmos papéis nas diversas áreas de sua vida.

O coordenador deve atentar-se a possibilidade de estar ocorrendo uma fixidez e uma esteriotipia dos papeis patológicos exercidos sempre pelas mesmas pessoas, como se estivessem programados para assim agirem ao longo de toda a vida.

Vínculos.

Percepção das ligações vinculares.
Vínculo por amor, por ódio, por conhecimento (Bion) e por reconhecimento (Zimerman).

O modo de vincular-se com o outro esta intimamente ligado com a forma que esse sentimento vincular esta configurado dentro do individuo.

Término.

Grupo termina por uma dissolução dele ou para cumprir uma combinação prévia. Cada coordenador deve ter bem claro os critérios para a finalização.

Bibliografia:


BARBERÁ, E. KNAPPE.P.P. A Escultura Na Psicoterapia: Psicodrama e outras técnicas de ação. São Paulo: Agora, 1999.

BERMUDEZ, J. G. R. Introdução ao psicodrama. Tradução Dr. José Manoel D Alessandro. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

GONÇALVES, C. S. & outros. Lições de Psicodrama. Introdução ao Pensamento de J.L.Moreno. São Paulo: Ágora, 1988.

MARINEAU, R. F. Jacob Levy Moreno 1889-1974 - Pai do psicodrama, da sociometria e da psicoterapia de Grupo. São Paulo: Ágora, 1992.

MORENO, J.L. Psicoterapia de grupo e psicodrama. Tradução José Carlos Vítor Gomes. Campinas. SP: Livro Pleno, 1999.

KNAPPE, P. P. Mais do que um jogo: Teoria e prática do jogo em psicoterapia. São Paulo: Ágora, 1998.

SEIXAS, M. R. A. Sociodrama Familiar Sistêmico. São Paulo:ALEPH, 1992.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Este espaço é todo seu, deixe sua marca e obrigada pela visita!